Sinuca e Novos Rostos
Com os ânimos renovados pelo jantar, a ideia de se recolherem parecia um desperdício. Foi Eduardo quem sugeriu a área de jogos, e a energia da proposta contagiou a todos. Eles encontraram o salão no final de um corredor, um ambiente com luzes coloridas de neon, o som característico de uma máquina de fliperama e uma mesa de sinuca imponente no centro.
Inclinada sobre a mesa, sob a luz baixa do pendente, estava uma garota. Ela alinhava uma jogada difícil, com uma concentração que a isolava de todo o resto. Tinha cabelos longos e usava fones de ouvido, balançando a cabeça levemente no ritmo de uma música que só ela ouvia.
Quando ela deu a tacada, a bola branca correu pela mesa e acertou seu alvo com um estalo preciso, mandando a bola colorida direto para a caçapa do canto. Foi uma jogada perfeita. Ela sorriu para si mesma, um sorriso de satisfação genuína.
Eduardo, sentindo-se confiante e impulsionado pela celebração, se aproximou. "Uau. Essa foi uma jogada de profissional", disse ele, alto o suficiente para que ela o ouvisse.
A garota tirou os fones, surpresa. Ela não tinha notado a chegada deles. "Ah, valeu. É só prática", ela respondeu, a voz amigável. "Meu pai me fez aprender pra ele não ficar sem dupla."
"Bom, acho que ele criou um monstro", brincou Eduardo. "Sou o Eduardo, aliás. É meu aniversário de 18 anos hoje."
"Sério? Que legal! Parabéns! Eu sou a Saráh, e também tenho 18", ela disse, abrindo um sorriso ainda maior. "Já que é seu aniversário, que tal uma partida valendo... o direito de se gabar pelo resto da noite?"
"Fechado", aceitou Eduardo, já pegando um taco.
Darlene e Rafaela se acomodaram em um dos sofás de couro para observar. Rafaela, como sempre, analisava a recém-chegada com uma curiosidade cautelosa. Darlene, por outro lado, sentia uma emoção completamente diferente.
Ali estava seu filho, não mais um menino, mas um homem, charmoso e confiante, iniciando uma conversa com uma garota da sua idade. Era como assistir ao trailer de um filme sobre o futuro dele, um futuro que começava naquele exato momento. O sentimento que a preencheu não foi o de melancolia, como no bar, mas um orgulho sereno. Ela olhou para a cena – os dois jovens rindo enquanto escolhiam as bolas – e entendeu que sua escolha na mesa de jantar estava certa. Proteger aquele momento de felicidade para ele era o que importava.
A partida começou, e o salão se encheu com o som das tacadas e as provocações divertidas entre Saráh e Eduardo, sob o olhar atento de sua família.