Já em seu quarto, Darlene se sentou na beira da cama, mas o sono parecia uma terra distante. O silêncio não era preenchido por paz, mas por um turbilhão de pensamentos. O encontro com Ana Maria, por mais breve que tenha sido, a atingiu de uma forma inesperada.
Não era inveja, Darlene percebeu, mas sim um espelho. Ana Maria tinha João em algum lugar do hotel, um parceiro com quem dividir as preocupações e as alegrias de uma filha de 18 anos. Darlene tinha a si mesma. Por anos, isso fora sua força, sua armadura. Mas naquela noite, após testemunhar o primeiro vislumbre da vida adulta de seu filho, a armadura pareceu, pela primeira vez, um pouco solitária.
Ela se sentia orgulhosa. Orgulhosa da maturidade de Rafaela ao avaliar e depois aceitar Saráh. Orgulhosa da confiança de Eduardo ao se aproximar da garota. Seus filhos estavam se tornando adultos admiráveis. Seu trabalho estava, em grande parte, feito. A constatação, que deveria ser um alívio, trazia consigo um eco de vazio.
Inquieta, sentindo as paredes do quarto se fecharem sobre ela, Darlene tomou uma decisão. Esperou ouvir o silêncio definitivo vindo do quarto ao lado, calçou um par de sapatilhas e saiu, fechando a porta atrás de si com um cuidado infinito.
O hotel àquela hora era outro lugar. O lobby, antes movimentado, era um grande salão silencioso. O bar, onde sua noite começara, estava escuro. Ela caminhou sem rumo, os pés a levando para a área externa.
Ela parou à beira da piscina. A água, imóvel sob a luz da lua, era um espelho negro refletindo as estrelas e as luzes discretas do hotel. Era ali que, em algumas horas, a juventude de seu filho e de seus novos amigos iria transbordar em risadas e mergulhos. Mas agora, na calada da noite, o lugar era só dela.
Darlene respirou fundo o ar fresco da madrugada. Pela primeira vez no dia, não era a mãe, a protetora, a organizadora. Era apenas uma mulher, de pé sob o céu noturno, no limiar de um futuro tão desconhecido e vasto quanto o silêncio à sua frente. E, em meio à apreensão, ela sentiu uma faísca de algo que não sentia há muito tempo: uma perigosa e excitante sensação de liberdade.