Darlene devolveu o olhar intenso de Ana Maria. Não havia mais espaço para hesitação.
"Eu preciso de protetor solar, Ana Maria", disse Darlene, a voz ligeiramente trêmula, mas firme. "Acho que esqueci o meu no quarto."
Ana Maria compreendeu de imediato. Um sorriso lento e confiante se desenhou em seus lábios. "Claro. O sol está forte. O meu quarto é o 512. Fica no final do corredor, perto da escada de serviço. É o mais discreto."
A forma como ela disse "discreto" eliminou qualquer inocência restante.
"Certo. Eu... eu não demoro", Darlene respondeu, levantando-se do banco submerso.
"Temos todo o dia, Darlene. E a noite", Ana Maria corrigiu, bebendo o último gole de seu spritz.
Darlene sentiu as pernas um pouco bambas ao sair da piscina. Ela pegou sua toalha e se aproximou da borda, onde os jovens ainda riam.
"Filhos, eu vou rapidinho ao quarto buscar mais protetor e um livro", disse Darlene, usando a desculpa padrão. "Rafaela, você fica de olho no Eduardo, por favor."
"Pode deixar, mãe. A gente tá de boa", respondeu Rafaela, mal olhando para cima, já imersa na conversa com Saráh.
Darlene deu um sorriso forçado. "Ótimo. Volto em vinte minutos."
Ela se virou, caminhando apressadamente, sentindo os olhos de Ana Maria seguindo cada um de seus passos. Ao alcançar o elevador, ela notou que Ana Maria já havia saído da piscina e se dirigia na direção oposta, entrando no bloco de apartamentos.
O tempo parecia ter acelerado. Dentro do elevador, Darlene mal se reconheceu. O nervosismo não era de culpa, mas de antecipação. O romance de fim de semana que ela jamais procurou estava prestes a começar, não com um homem charmoso no bar, mas com a mãe da nova amiga de seu filho.
Chegando ao quinto andar, ela respirou fundo. Andou pelo corredor silencioso, seus passos amortecidos pelo carpete. O quarto 512. Ela parou na frente da porta, sentindo o calor do sol da manhã e a adrenalina pulsando em suas veias.
Darlene bateu. Uma batida suave, quase inaudível.
A porta se abriu imediatamente. Ana Maria estava ali, com o cabelo molhado e um olhar que não deixava margem para dúvidas. Ela não disse uma palavra. Apenas estendeu a mão para Darlene, e a puxou para dentro do quarto.
O fim de semana de Darlene, afinal, não seria sobre ser mãe.