A pressão sobre o pai de Elara estava insuportável. Silas tentou usar o sobrenome dele, a influência, mas Vane era um polvo.
O inferno veio numa tarde ensolarada.
Silas tinha uma reunião importante com Vane – a última tentativa de acordo, ele pensava. Chegou cedo ao escritório do magnata, na cobertura mais alta da cidade. A secretária disse que Vane estava em uma ligação urgente, e Silas se adiantou para usar o lavabo privativo ao lado.
Foi ali que ele ouviu o ruído. Não de trabalho, não de telefone. Risos. Abafados. E o tipo de ruído que ele conhecia melhor que o próprio nome. Um gemido conhecido. Um sussurro inconfundível.
Ele abriu a porta entreaberta do outro escritório de Vane.
A cena era um soco no estômago, pior que a morte.
Elara.
Ela estava ali, no divã de couro marrom de Arthur Vane, seminu*a, ofegante. E Arthur Vane, o Barão de Aço, estava com ela. Não era a paixão intensa que ela dividia com Silas, mas uma entrega fria, quase de negócios, mas inegavelmente sexual. O Vane era velho, era o inimigo, e estava tirando dela aquele mesmo prazer que era só deles.
Elara o viu. Os olhos avelã, que antes eram cheios de promessa, estavam agora cheios de culpa e uma ambição que ele nunca soube que ela tinha.
— Silas, não é o que você pensa… — ela começou, puxando apressadamente o vestido de volta.
— É exatamente o que eu penso, Elara — a voz de Silas era um sussurro perigoso. — Você se vendeu.
Vane, por outro lado, sorria. Um sorriso lento e vitorioso. Ele nem se deu ao trabalho de se cobrir totalmente.
— Elara está apenas garantindo que a propriedade do papai dela seja valorizada, Silas. Ou, para ser mais claro: ela percebeu que um homem como eu oferece o mundo. Você só oferecia um apartamento — disse Vane, desdenhoso.
Naquele instante, Silas percebeu. Elara não tinha morrido; ela o tinha traído e abandonado pelo poder de Vane. A perda era de sua alma gêmea, de sua dignidade. Ela escolheu o conforto e o status sobre a paixão. Ele tinha perdido o Paraíso, e o demônio que o roubara não havia sido a morte, mas o desejo dela por mais.