Longe do silêncio cúmplice do quinto andar, a piscina fervilhava com a despreocupação da juventude. Rafaela, Eduardo e Saráh estavam imersos em uma partida intensa de vôlei aquático, as risadas e os gritos preenchendo o ar.
Rafaela, com seu ar naturalmente competitivo, comandava a defesa, mas estava visivelmente inquieta. De vez em quando, ela parava por um instante para espiar a borda. A demora da mãe, que havia saído para buscar protetor solar, já passava da meia hora.
"Sua mãe está demorando para um 'protetor solar e um livro', hein?", comentou Saráh, nadando até ela.
"Sim. E ela deixou o celular aqui. Isso não é normal", respondeu Rafaela, sua voz carregada de desconfiança. Ela estava prestes a sugerir a Eduardo que fossem dar uma olhada no quarto, quando Saráh sentiu o celular vibrar na sua espreguiçadeira. Ela saiu da água, pegou o aparelho e leu a mensagem.
Saráh riu, uma risada leve e um tanto misteriosa. "Problema resolvido. Minha mãe mandou mensagem." Ela nadou de volta para a borda e leu o texto em voz alta.
"Ela escreveu: 'Saráh, sua mãe e eu fomos dar uma escapada rápida na cidade para fazer umas comprinhas. João está fora. Avise os meninos para ficarem com você. Voltamos antes do jantar.'"
Rafaela sentiu o corpo relaxar com um alívio quase teatral. As compras. O motivo mais banal e menos comprometedor para a ausência da mãe.
"Compras? Com a sua mãe? Que bom!", Rafaela exclamou, quase agradecendo aos céus. "Eu tinha combinado de encontrar uma banda de amigos mais tarde. Agora não preciso me preocupar em deixar o Edu sozinho!"
"Ei!", protestou Eduardo, mas Saráh o ignorou.
Darlene e Ana Maria fora de cena. Um alívio para Rafaela, que agora se sentia livre para seguir seus próprios planos.
Saráh, no entanto, olhou diretamente para Eduardo. Seus olhos brilhavam com malícia e diversão. "Parece que nós três estamos por conta própria até o jantar. E, Eduardo, como é seu aniversário... acho que a gente pode pensar em atividades mais... criativas do que vôlei aquático, não acha?"
A cumplicidade entre os jovens era imediata. Eduardo sorriu, captando o tom. "Eu concordo plenamente, Saráh. Muito mais criativas."
O mundo dos filhos, enfim, havia se tornado tão livre e cheio de possibilidades quanto o das mães no quarto 512.