Será na viagem??? (Primeiro Arco Completo) 1-10



Capítulo 1: O Observatório Silencioso
A chave do quarto do hotel parecia pesar mais que o normal na mão de Darlene. Era o símbolo do início de um novo tempo. Vinte anos. Por vinte anos, desde que Rafaela nasceu, sua vida tinha sido um cronograma ditado por outros: mamadeiras, reuniões de escola, jogos de futebol, e, nos últimos dez anos, a logística de ser mãe solteira. Paulo, seu ex-marido, nunca entenderia um gesto impulsivo como reservar o melhor hotel da cidade para comemorar a maioridade do filho.

"Mãe, meu quarto tem vista pra piscina! É irado!", a voz de Eduardo, agora com 18 anos, ecoou pelo corredor. A energia dele era contagiante.

"Cuidado pra não cair da varanda, então", retrucou Rafaela, com seu ar de irmã mais velha e gerente de crise. Aos 20, ela tinha a seriedade de quem precisou amadurecer rápido demais.

Depois de instalá-los e prometer que se encontrariam para o jantar, Darlene sentiu uma necessidade quase física de ter um momento para si. Um momento que não fosse de "mãe".

O bar do hotel era seu refúgio. Iluminação baixa, um balcão de madeira escura e o som suave de um jazz instrumental. Ela se sentou em uma banqueta no canto, um observatório silencioso para o balé social da noite. Pediu uma taça de Malbec – seu pequeno ato de rebelião.

Dali, ela observava. Um casal jovem, em seus vinte e poucos anos, sentados próximos, cúmplices de um segredo. Três homens de terno discutindo negócios. Um mundo distante do seu, cujo universo nos últimos anos girara em torno de notas e amizades de escola. Por um instante, Darlene sentiu-se como uma espectadora. Seus filhos estavam escrevendo os próprios roteiros. E ela? Qual era a sua próxima cena?

O vibrar do celular sobre a madeira do balcão a tirou de seu devaneio. A mensagem de Rafaela piscou na tela, um farol a chamando de volta para o porto seguro que foi sua principal identidade nos últimos vinte anos.

"Mãe, cadê vc? A gente tá com fome!"

Darlene sorriu. O futuro era uma névoa, mas o presente era claro e tinha fome. Ela tomou o último gole do vinho, e se levantou. O seu momento de observação silenciosa havia terminado. Era hora de voltar a ser mãe.

Capítulo 2: A Escolha na Mesa
O restaurante era iluminado e vibrante. Darlene se sentou à mesa determinada a fazer daquela noite uma celebração perfeita para Eduardo.

Foi quando o garçom se aproximou que sua determinação foi testada. Ele era jovem, com cabelos negros e um sorriso que parecia treinado para o flerte. Seus olhos escuros pousaram em Darlene com uma intensidade que ela reconheceu de imediato.

Darlene sentiu o início de um rubor, mas o suprimiu. Ela viu, pelo canto do olho, o corpo de Rafaela enrijecer e a expressão de Eduardo se fechar. O radar dos filhos era tão sensível quanto o dela. Naquele instante, ela fez uma escolha.

"Para o aniversariante, o que você tiver de melhor sem álcool", disse ela com um sorriso firme, apontando para Eduardo. "Para nós, pode ser uma jarra de suco de laranja. Obrigada." Sua voz foi polida, mas inconfundivelmente neutra, não dando nenhuma brecha.

Assim que o garçom se afastou, Darlene se virou para Eduardo, ignorando completamente o incidente. "Desculpe, meu filho, você estava me contando sobre a prova de baliza. O examinador era tão bravo quanto dizem?"

A mudança foi imediata. Eduardo, sentindo a atenção da mãe voltar inteiramente para si, relaxou os ombros e um sorriso voltou ao seu rosto. Rafaela também relaxou, e um olhar de gratidão silenciosa passou entre ela e a mãe.

O resto do jantar fluiu como Darlene havia planejado: leve, feliz e totalmente focado em Eduardo.

Ao final, quando a sobremesa de aniversário chegou com uma vela, Darlene ergueu seu copo de suco.

"Um brinde", disse ela, a voz clara e cheia de emoção. "Ao meu filho, que agora é um homem. E a nós. Ao futuro."

Os copos se tocaram no centro da mesa, um brinde que celebrava a força silenciosa que os mantinha juntos.

Capítulo 3: Sinuca e Novos Rostos
Com os ânimos renovados pelo jantar, a ideia de se recolherem parecia um desperdício. Eduardo sugeriu a área de jogos.

Eles encontraram o salão com luzes coloridas de neon e uma mesa de sinuca imponente. Inclinada sobre a mesa, estava uma garota, concentrada em uma jogada.

Quando ela deu a tacada, a bola branca correu pela mesa e acertou seu alvo com um estalo preciso.

Eduardo, sentindo-se confiante, se aproximou. "Uau. Essa foi uma jogada de profissional", disse ele.

A garota tirou os fones. "Ah, valeu. Eu sou a Saráh, e também tenho 18", ela disse, sorrindo. "Já que é seu aniversário, que tal uma partida valendo... o direito de se gabar pelo resto da noite?"

"Fechado", aceitou Eduardo, já pegando um taco.

Darlene e Rafaela se acomodaram em um dos sofás de couro para observar. Darlene sentia um orgulho sereno. Ali estava seu filho, não mais um menino, mas um homem, iniciando uma conversa com uma garota da sua idade. Ela olhou para a cena e entendeu que proteger aquele momento de felicidade para ele era o que importava.

Capítulo 4: O Jogo das Perguntas
A partida entre Eduardo e Saráh era mais flerte do que competição. Do sofá, Rafaela mantinha uma expressão neutra, seus olhos estudando cada movimento de Saráh. Ela não estava convencida.

Após Eduardo errar uma jogada fácil, Rafaela se levantou.

"Ok, chega de moleza", disse ela. "Vocês dois são péssimos nisso. Minha vez. Eu contra a vencedora."

O verdadeiro jogo estava para começar. Foi Rafaela quem fez o primeiro movimento na conversa, enquanto Saráh se preparava para a primeira tacada.

"Então, Saráh", começou Rafaela, a voz casual, mas o olhar atento. "Você está aqui no hotel com sua família?"

"Sim", respondeu Saráh sem desviar os olhos da bola. "Mas eles são mais do tipo que fica no quarto lendo. Eu precisava de um pouco de ar." A tacada foi limpa e certeira.

O jogo de perguntas e respostas continuou, sincronizado com as tacadas. Cada pergunta de Rafaela era um teste sutil, e cada resposta de Saráh era honesta e direta. Ela falou sobre seu sonho de estudar arquitetura, sobre sua paixão por sinuca.

A cada resposta, Darlene via a postura defensiva de Rafaela se desfazendo. O olhar de interrogatório deu lugar a um de genuíno interesse. Rafaela, a protetora, estava lentamente aprovando a nova amizade do irmão.

No final, Saráh venceu a partida por uma bola, mas quando ela estendeu a mão para Rafaela, foi um gesto de camaradagem.

"Amanhã a gente vai pra piscina. Se quiser aparecer, a revanche está de pé", disse Rafaela.

"Com certeza", respondeu Saráh. O convite havia sido feito. A estranha havia passado no teste.

Capítulo 5: Encontro de Pais
O convite de Rafaela ainda pairava no ar quando uma voz feminina soou da entrada do salão.

"Saráh?"

Uma mulher de aparência elegante, Ana Maria, estava parada ali.

"Mãe, esses são Eduardo, Rafaela, e a mãe deles, Darlene", Saráh fez as apresentações.

"É um prazer conhecê-los", disse Ana Maria, o olhar pousando em Darlene.

"O prazer é nosso, Ana Maria. Sua filha é uma ótima jogadora", respondeu Darlene.

"Fico feliz que ela tenha encontrado uma companhia agradável", respondeu Ana Maria. "O pai dela, João, já estava começando a ficar preocupado."

"Sei perfeitamente. Filhos são nossa preocupação constante, não importa a idade", Darlene riu, sentindo uma cumplicidade breve entre as duas mães.

"A gente se vê na piscina amanhã, então?", perguntou Saráh.

"Combinado!", respondeu Eduardo. A noite de jogos havia chegado a um fim, mas com a promessa de um novo dia.

Capítulo 6: Um Passeio à Meia-Noite
Já em seu quarto, Darlene se sentou na beira da cama, mas o sono parecia uma terra distante. O silêncio não era preenchido por paz, mas por um turbilhão de pensamentos. O encontro com Ana Maria, por mais breve que tenha sido, a atingiu. Ver outra mãe com um parceiro com quem dividir as preocupações a fez sentir sua própria solidão.

Seus filhos estavam se tornando adultos admiráveis. Seu trabalho estava, em grande parte, feito. A constatação trazia consigo um eco de vazio.

Inquieta, Darlene esperou o silêncio definitivo, calçou as sapatilhas e saiu.

Ela parou à beira da piscina. A água, imóvel sob a luz da lua, era um espelho negro. Era ali que, em algumas horas, a juventude de seu filho iria transbordar. Mas agora, na calada da noite, o lugar era só dela.

Darlene respirou fundo o ar fresco da madrugada. Pela primeira vez no dia, não era a mãe, a protetora. Era apenas uma mulher, de pé sob o céu noturno, no limiar de um futuro tão desconhecido e vasto quanto o silêncio à sua frente.

Capítulo 7: Um Brinde Intenso
Darlene estava absorta no reflexo das estrelas quando ouviu passos suaves.

"Eu sabia que encontraria outra coruja por aqui."

Darlene se virou, o coração dando um salto. Era Ana Maria. Em uma mão ela segurava uma garrafa de champanhe e, na outra, duas taças finas.

"Surpresa agradável, espero", disse Ana Maria, aproximando-se. Seus olhos castanhos brilhavam com uma intensidade que Darlene não tinha notado antes. "Meu marido, João, tem o sono pesado. Aceita me fazer companhia?"

"Eu adoraria."

Ana Maria sentou-se. "Eu vi você no bar, no início da noite", confessou, entregando a taça a Darlene, seus dedos roçando os dela. "Você estava tão concentrada em si mesma. Tão... bonita em sua solidão."

O elogio pegou Darlene desprevenida.

Ana Maria ergueu a taça. "Um brinde. Aos nossos filhos, que estão nos dando o presente do tempo livre." Ela fez uma pausa, o sorriso se alargando. "E a nós. Que estamos descobrindo o que fazer com ele."

A conversa fluiu com uma cumplicidade intensa.

"Você tem um brilho nos olhos que a maioria das mulheres da nossa idade perde", disse Ana Maria, inclinando-se mais perto.

"E você, Ana Maria, parece o tipo de pessoa que me faria fazer essa coisa", Darlene respondeu, entrando sutilmente no jogo.

Quando a garrafa acabou, o céu já começava a clarear.

"Acho que devo voltar antes que João sinta minha falta", disse Ana Maria, com um suspiro teatral, mas os olhos ainda fixos nos de Darlene. "Até amanhã na piscina, Darlene. Prometo que não conto a ninguém sobre nossa... aventura de meia-noite."

"Até amanhã, Ana Maria", Darlene respondeu, a voz rouca.

Capítulo 8: O Espelho e o Despertar
Darlene acordou cedo, sentindo uma energia elétrica vibrando sob sua pele. A imagem de Ana Maria era um loop constante em sua mente. O momento de flerte havia acendido uma faísca.

Ela se levantou e caminhou diretamente para o espelho. Os olhos estavam diferentes; havia um brilho, uma expectativa.

Darlene abriu a mala e tirou o biquíni que comprara num impulso e nunca usara: um modelo em tom azul turquesa vibrante, com recortes. Era um biquíni de "primeiro encontro".

Ela o vestiu, realçou o olhar com um delineado sutil.

Quando Rafaela bateu na porta, Darlene já estava pronta.

"Mãe? Você já está — Uau." Rafaela parou na soleira. "Você tá... muito arrumada para a piscina."

Darlene deu de ombros. "É um hotel cinco estrelas, Rafaela. A gente tem que honrar o lugar, não é? Vamos lá."

Ela passou pela filha com uma confiança que não sentia há muito tempo. Em algum lugar de sua mente, Darlene sabia que estava se arrumando para Ana Maria.

Capítulo 9: O Bar Aquático e a Partida Súbita
O encontro começou com cordialidade na beira da piscina. Contudo, a conversa foi abruptamente interrompida pelo toque urgente do celular de João.

"Pessoal, sinto muito. Tive uma emergência na empresa, preciso voltar para a cidade agora mesmo."

Ele se desculpou com a família de Darlene, beijou Ana Maria apressadamente e se foi.

Ana Maria ficou por um instante observando o marido se afastar. Havia em seus olhos um brilho intenso e indisfarçável, uma mistura de frustração e um alívio quase culpado.

"Bom, parece que a vida tinha outros planos para João," Ana Maria comentou. Ela indicou o bar aquático com a cabeça. "O suco de melancia ainda está de pé? E acho que o ódio pela rotina também."

Enquanto caminhavam, Darlene olhava para a piscina, onde Eduardo e Rafaela pareciam perfeitamente felizes na companhia de Saráh. A imagem de seus filhos independentes era a permissão silenciosa que ela buscava.

Sentadas nos bancos submersos, Ana Maria foi direta.

"Turquesa," ela sussurrou. "Você tem um brilho que não é do sol. E agora, a atitude ganhou um dia inteiro de liberdade."

"Não era uma pergunta filosófica," continuou Ana Maria. "Era um convite. Nossos filhos estão bem ali. Eles estão criando suas próprias vidas. Nós, agora, podemos criar a nossa, pelo menos por um dia."

Ana Maria mexeu o gelo em seu copo. "O que você quer fazer com a sua liberdade, Darlene?"

A pergunta pairou sobre a água. A escolha era clara, imediata e tentadora.

Capítulo 10: O Intervalo Necessário
Olhando para a piscina, Darlene viu Rafaela sorrir enquanto jogava a bola. Os filhos estavam seguros, felizes e completamente auto-suficientes. A armadura de mãe se soltou.

Darlene devolveu o olhar intenso de Ana Maria. Não havia mais espaço para hesitação.

"Eu preciso de protetor solar, Ana Maria", disse Darlene, a voz ligeiramente trêmula, mas firme. "Acho que esqueci o meu no quarto."

Ana Maria compreendeu de imediato. "Claro. O sol está forte. O meu quarto é o 512. Fica no final do corredor, perto da escada de serviço. É o mais discreto."

"Certo. Eu... eu não demoro", Darlene respondeu, levantando-se.

"Temos todo o dia, Darlene. E a noite", Ana Maria corrigiu, bebendo o último gole.

Darlene se dirigiu ao elevador, sentindo os olhos de Ana Maria seguindo-a. O nervosismo não era de culpa, mas de antecipação.

Chegando ao quinto andar, ela respirou fundo. Andou pelo corredor silencioso. O quarto 512. Darlene bateu. Uma batida suave, quase inaudível.

A porta se abriu imediatamente. Ana Maria não disse uma palavra. Apenas estendeu a mão para Darlene, e a puxou para dentro do quarto.

O fim de semana de Darlene, afinal, não seria sobre ser mãe.

FIM


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Ficha do conto

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Nome do conto:
Será na viagem??? (Primeiro Arco Completo) 1-10

Codigo do conto:
245860

Categoria:
Lésbicas

Data da Publicação:
29/10/2025

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