Isabella Vane era a rainha da alta sociedade, mas era uma rainha em uma gaiola. Elegante, quase sempre de branco ou tons neutros, ela era o troféu que Vane exibia para dar credibilidade à sua riqueza recém-adquirida. Silas sabia a verdade: Vane a negligenciava, tratando-a como um objeto bonito e útil. O Barão de Aço passava as noites com Elara em hotéis caríssimos, enquanto Isabella ficava em casa, cercada de luxo e de um vazio estrondoso.
O plano de Silas era simples: não atacar Vane de frente, mas corroer a fundação de sua vida pessoal. E a fundação era o casamento de fachada.
Silas começou a frequentar os mesmos círculos que Isabella. Seu primeiro avistamento foi em uma gala beneficente, um evento pomposo onde a hipocrisia era servida com champanhe. Silas, vestido em um terno que parecia ter sido costurado na pele, observava de longe. Ele não sorria, mantinha aquele ar de predador ferido, mas perigoso.
Isabella estava no centro do salão, rindo em voz alta com um grupo de mulheres igualmente vazias. Mas, em um instante, a máscara caiu. Enquanto as amigas se afastavam, ela pegou uma taça de vinho e olhou para o nada. Seus olhos castanhos, que deveriam brilhar com a luz dos diamantes que usava, estavam opacos e cansados.
Silas percebeu ali o seu ponto de entrada: a solidão dela era o convite dele.
Ele traçou o plano: Vane a comprou com luxo. Silas a compraria com sentimento e desejo. Ele não a abordaria com um flerte barato; ele a abordaria como a única pessoa na cidade que podia vê-la de verdade, que podia entender sua dor e, o mais importante, transformá-la em algo que ela ansiava secretamente: rebeldia. Ele daria a ela o fogo que Vane havia tirado de sua vida.
O próximo passo era fechar a distância. Onde a Baronesa de Aço passaria seu tempo na próxima semana? Silas descobriu: o leilão anual de caridade no Museu de Arte Contemporânea da cidade, no próximo sábado.
Silas sorriu, um sorriso que não chegava aos olhos. Ele já podia sentir o cheiro do veneno em suas mãos. Era hora de se aproximar da rainha e mostrar a ela as vantagens de trocar uma gaiola de ouro por um inferno particular.