Até o Fim!!! (INFILTRAÇÃO)

O Museu de Arte Contemporânea estava lotado, mas para Silas, só havia uma obra em exibição: Isabella Vane.

Ela usava um vestido azul-noite, justo, que parecia líquido, mas que a fazia parecer ainda mais aprisionada. Sua postura era perfeita, mas os ombros estavam tensos. Arthur Vane não estava presente – mais uma noite de compromissos suspeitos, deixando a esposa como seu belo e solitário representante.

Silas não se apressou. Ele sabia que o desejo, quando reprimido, era mais potente. Ele ficou em um canto, observando. Ele tinha que parecer a antítese do Vane: não o poder bruto, mas o poder silencioso e a sensualidade intelectual.

Isabella estava conversando formalmente com um artista, mas seus olhos vagueavam, buscando algo. Foi nesse momento que Silas se moveu.

Ele andou pelo salão com uma calma estudada, parando exatamente atrás de Isabella, fingindo observar uma escultura de mármore. O trabalho era abstrato, mas o que importava era a proximidade.

Silas não disse nada. Apenas inalou. O perfume dela era caro e discreto, uma nota de gardênia presa em um gelo. Ele estava tão perto que podia sentir o calor da pele dela, mesmo através do tecido fino do vestido.

Isabella percebeu a presença. Sentiu o calor do corpo dele nas suas costas, uma pressão silenciosa e não ameaçadora. Ela parou de falar, o silêncio dela puxou a atenção do artista.

Silas se inclinou levemente para a escultura, o movimento calculado para que seu braço roçasse, de forma quase imperceptível, a nuca e o ombro dela. Era um toque roubado, rápido, mas carregado de eletricidade.

— Uma performance da solidão, não acha? — A voz de Silas era um sussurro rouco, não dirigido a ela, mas à escultura.

Isabella se virou, assustada com a audácia e a precisão do comentário. Ela esperava uma cantada barata, não aquela profundidade. Seus olhos finalmente encontraram os dele, e o impacto foi imediato. Os olhos verdes de Silas não tinham a raiva que ele sentia; tinham uma compaixão intensa e um desejo descarado.

— Desculpe, está falando da peça? — perguntou Isabella, a voz falhando um pouco.

— Da peça e da plateia — respondeu Silas, com um leve sorriso melancólico. — O artista representa a beleza que ninguém toca, apenas admira de longe. É uma tragédia.

Ele deu um passo para trás, quebrando a proximidade física, mas deixando a conexão emocional e sexual pulsando no ar.

— Silas Thorne — ele estendeu a mão, o contato desta vez sendo firme e formal. Mas o aperto foi demorado, a palma dele aquecendo a dela. — Amigo de alguns dos patrocinadores.

— Isabella Vane — ela respondeu, sentindo o calor do aperto subindo pelo seu braço.

— Eu sei — disse ele, sem tirar os olhos dos dela. — E me pergunto como alguém com tanta vida ainda é admirada de forma tão distante. É um desperdício.

A palavra 'distante' atingiu Isabella como um tapa, expondo toda a sua frustração com Vane. Ele não estava elogiando sua roupa; estava entrando em sua alma.

— O que você sabe sobre mim, Sr. Thorne? — ela sussurrou, defensiva.

— Que você é linda. E que beleza não é um substituto para ser desejada de verdade — ele apertou a mão dela uma última vez, o toque final sendo uma promessa. — Espero que a gente se encontre de novo, Isabella. Eu adoro corrigir tragédias.

Silas se virou e se afastou, deixando Isabella plantada ali, o corpo formigando pela breve proximidade, a mente agitada pela audácia e pelo desejo implícito. A primeira semente da traição tinha sido plantada, não com um beijo, mas com um toque roubado e a leitura perfeita de sua solidão.