Droga. Ele era lindo.
Não era o tipo de beleza de ator de novela, certinha demais. Era algo mais real, mais direto. O cabelo estava meio bagunçado, a barba por fazer de alguns dias realçava um sorriso contido no canto da boca, e os olhos pareciam rir da situação toda. Ele a encarou de volta, sem desviar o olhar, enquanto a pequena chama dançava entre eles.
O fogo do palito de fósforo chegou ao dedo de Helena, e ela soltou um "ai!" baixo, largando-o no chão e o pisando instintivamente. O breu voltou por um segundo, denso e absoluto.
"Opa, tudo bem aí?", a voz dele soou, agora mais próxima.
"Tudo. Só me queimei, que idiota", ela respondeu, rindo de si mesma. Ela ouviu o som de outro fósforo sendo riscado – ele tinha pegado a caixa da mão dela. A chama voltou, firme na mão dele. Ele acendeu uma das velinhas de aniversário e a fincou num pires que estava sobre a bancada.
A luz fraca e quente da vela suavizou as sombras do rosto dele. O clima de perigo tinha se evaporado completamente. Agora, a tensão no ar era de outro tipo. Uma eletricidade sutil.
"Pronto. Uma delas já quebrou o seu galho", disse ele, com aquele meio sorriso. "Valeu mesmo pela ajuda. Acho que vou te deixar em paz agora."
Ele fez um leve movimento em direção à porta, mas parou, esperando. A decisão estava claramente nas mãos dela.
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