A mãe entrou na cozinha com uma leveza incomum, o sorriso no rosto largo demais, os olhos brilhando com uma satisfação que era difícil ignorar. Ela parecia ter rejuvenescido dez anos.
"Bom dia, dorminhocos!", ela cantou, beijando a testa de Joana e, depois, a de Marcos, uma proximidade que os dois acharam, naquele momento, estranhamente íntima. "Não sei vocês, mas eu dormi como um anjo. Tive sonhos maravilhosos."
Marcos e Joana trocaram um olhar fugaz. Era um olhar carregado com a memória do que eles viram, do que eles fizeram, e do que a mãe fez. A culpa e a indignação de Marcos da noite anterior haviam derretido, substituídas por uma curiosidade febril e um calor proibido que se aninhava na boca do estômago.
Eles se sentaram à mesa. A mãe começou a servir o café, distraída, contando sobre um novo projeto no trabalho.
Enquanto a mãe falava sobre planilhas e prazos, a verdadeira comunicação começou sob a mesa.
O pé esquerdo de Marcos, calçando apenas uma meia fina, moveu-se sob a toalha. Ele não estava mirando o pé de Joana, mas sim, procurando-o. A ponta de seus dedos roçou o tornozelo da irmã, e ele sentiu uma pequena eletricidade.
Joana não recuou. Em vez disso, ela moveu o pé em resposta, deslizando-o gentilmente pela canela dele. Era um convite mudo, uma confirmação de que ela estava no jogo. A tensão da noite anterior, o choque da descoberta, tudo estava sendo canalizado para este flerte furtivo e perigoso.
A mãe pousou a jarra de café na mesa com um ruído seco. "Vocês estão quietos hoje. Algum problema?"
"Nenhum, mãe", Joana respondeu prontamente, com uma doçura forçada. Ela pegou a manteiga e, ao estender a mão, seus dedos roçaram os de Marcos, mantendo o toque por um segundo a mais do que o necessário. O calor da pele dela era um lembrete vívido do verão passado.
Marcos sentiu a respiração ficar mais superficial. Ele ignorou a mãe, concentrando-se no pé de Joana que agora subia lentamente por sua panturrilha. Ele respondeu à mãe sem desviar o olhar da irmã.
"Só... refletindo", ele conseguiu dizer, a voz mais baixa do que o normal. "Acho que as pessoas têm o direito de acordar e fazer o que querem."
A mãe sorriu, pegando seu pão. "É isso aí. Finalmente acordando para a vida, filho. É bom ver vocês dois tão... compenetrados."
Nesse momento, o pé de Joana fez uma pressão mais firme contra o músculo de Marcos, e ele quase arfou. O toque era um código que só os dois entendiam: a cumplicidade havia evoluído para o desejo. O segredo da mãe os havia libertado para revisitar o deles.
Joana sorriu para a mãe, mas seu olhar era de Marcos. "Sim, mãe. Acho que sim. Algumas coisas simplesmente não podem mais esperar. Não depois de uma noite dessas."
A mãe, interpretando a frase como reflexão adolescente, apenas riu e se levantou para pegar o suco. Era o momento.
Joana se inclinou ligeiramente sobre a mesa, o rosto sério, mas os olhos ardendo de urgência. Ela sussurrou, a voz carregada com o calor do seu toque sob a mesa:
"Marcos. Meu quarto. Agora. A porta vai estar só encostada."
O coração de Marcos deu um salto violento no peito. O convite era direto, a proibição era o afrodisíaco. Ele assentiu, um fogo gelado percorrendo seu corpo.