A mãe, por sua vez, estava radiante. Ela saía mais, ficava no celular com uma discrição evidente. A aura de seu segredo preenchia a casa, e para Marcos e Joana, isso era quase um desafio.
No final da tarde, a mãe saiu para uma "reunião de trabalho" que duraria até tarde. A casa ficou para eles.
Joana desceu as escadas, encontrou Marcos na sala e nem precisou falar. O olhar dela, direto e cheio de intenção, era o suficiente.
"Não", ele disse, a voz rouca, sabendo exatamente o que ela estava pensando.
"Sim", ela insistiu, com um sorriso de escárnio. "Por quê? Está com medo de estragar o santuário da nossa mãe?"
O tom provocador era um afrodisíaco. Ele sabia que ela não estava interessada em invadir a privacidade da mãe por maldade, mas por curiosidade... e por algo mais perigoso.
"Não vamos invadir o quarto dela, Joana. É demais."
"É demais?" ela zombou, aproximando-se dele. "Não foi demais o que fizemos na minha cama, e não foi demais o que ela fez naquele quarto. Ela nos deu permissão. Nos mostrou que a vida adulta tem segredos que valem a pena." Joana colocou as mãos no peito dele, roçando os polegares sobre a pele através da camiseta. "E eu estou curiosa para saber como é o palco do segredo dela."
A ousadia dela era magnética. Marcos sentiu a resistência se dissolver. Ele pegou a mão dela e a beijou rapidamente.
"Tudo bem", ele sussurrou. "Mas se a gente for, é só para procurar... a pista. E nada mais."
"Claro", Joana concordou, mas o brilho em seus olhos prometia exatamente o contrário.
Eles subiram as escadas em silêncio. Chegar ao quarto da mãe era como cruzar um portal para a maturidade proibida.
A porta estava destrancada. O quarto estava impecável, com a cama de casal arrumada e o cheiro suave do perfume floral dela no ar. Mas os olhos dos irmãos não procuravam desordem. Eles procuravam a memória do caos.
Joana foi até o centro do quarto e parou ao lado da cama. Ela se abaixou e olhou para o chão, como se procurasse uma prova física.
"O que você está procurando?", Marcos sussurrou, parado na porta, sentindo-se um intruso.
"Não sei", Joana murmurou, ainda agachada. "Talvez o cheiro dele? Um pedaço de roupa? Algo que nos diga quem era ele."
Ela se levantou, frustrada. O quarto era uma fortaleza de discrição. Mas ao se virar, seu olhar caiu sobre o travesseiro.
"Ele deve ter dormido desse lado", ela disse, tocando o travesseiro esquerdo, que estava com uma leve marca de amassado que o da mãe não tinha.
Marcos sentiu um calafrio percorrer-lhe a espinha. O voyeurismo estava atingindo um nível perigoso.
"Eles fizeram ali", ela disse, a voz baixa e excitada, olhando para o centro do colchão. "Naquela manha, foi bem aqui. De repente, não foi tão rápido quanto a gente."
A frase dela foi a isca final. O ar no quarto da mãe ficou denso e pesado, saturado com a imaginação do que havia acontecido ali.
Marcos se aproximou dela, o corpo rígido. "E como você sabe?", ele desafiou, o tom mais um convite do que uma dúvida.
Joana sorriu. Um sorriso lento, predatório.
"Vamos descobrir", ela disse, e a mão dela subiu para desabotoar o primeiro botão de sua própria camisa. "Vamos ver se a gente consegue ser mais... adulto do que daquela vez no meu quarto."