Eram onze e quinze da noite. O limbo. Aquele silêncio estranho que precede a euforia obrigatória da meia-noite.
De um lado da sala, reclinado em uma poltrona de vime com almofadas brancas, estava Marcos. Ele vestia uma bermuda de linho impecável e uma camisa da mesma cor, com os três primeiros botões abertos, revelando um peito bronzeado e um colar de couro discreto. Um copo baixo de uísque single malt, com uma única e perfeita esfera de gelo, descansava em sua mão. Ele olhava para o horizonte escuro, onde as luzes dos barcos piscavam, parecendo absorto.
No sofá oposto, encolhida, estava Lúcia, sua esposa há oito anos. Descalça, com um vestido branco de algodão leve que caía solto até os tornozelos. Ela folheava uma revista de decoração com um interesse visivelmente fingido. Seu cabelo estava preso num coque solto, e ela mordia discretamente o lábio. Seus olhos não conseguiam evitar desviar-se da página a cada poucos segundos, sempre na mesma direção.
A direção era o outro casal.
Perto da borda da piscina infinita, Diego e Sofia dividiam uma chaise longue dupla. Eles eram o oposto de Marcos e Lúcia. Eram puro contato.
Diego, mais novo que Marcos, com um sorriso fácil e covinhas, usava apenas uma sunga branca e uma bata de linho aberta. Sua mão traçava um caminho lento, quase preguiçoso, pela coxa nua de Sofia, subindo até a curva do quadril, onde seus dedos se demoravam.
Sofia era um espetáculo e sabia disso. Seu vestido era uma teia de crochê creme, usado sobre um biquíni minúsculo da mesma cor. O tecido era mais ausência que presença, revelando a pele dourada e as curvas firmes. Ela riu de algo que Diego sussurrou em seu ouvido, um som baixo e gutural que pareceu vibrar no ar quente.
As garrafas de champanhe Veuve Clicquot suavam no balde de gelo sobre a mesa de centro, intocadas, esperando a hora certa.
Foi Lúcia quem quebrou o silêncio, a voz um pouco mais alta que o necessário, como se quisesse rasgar a tensão.
"Está uma noite linda, não é?"
Marcos murmurou "Uhum", sem se virar.
Diego apenas sorriu para Lúcia, os dedos ainda em movimento em Sofia.
Foi Sofia quem realmente respondeu. Ela se espreguiçou, um movimento felino que esticou o crochê sobre seu corpo, fazendo Lúcia desviar o olhar.
"Linda", disse Sofia, sua voz rouca. "Mas parada. Ai, gente... se eu ficar aqui mais cinco minutos, eu durmo antes da virada."
Lúcia tentou um sorriso. "Mas está tão agradável, só relaxar..."
"'Agradável' é para o café da manhã de domingo", Sofia a cortou, mas com um sorriso que tirava o veneno das palavras. Ela piscou para Lúcia. "Réveillon em Búzios? Precisa de... fogo."
Ela deslizou para fora dos braços de Diego, que a observava com adoração. "E eu sei exatamente como acender a fogueira."
Pela primeira vez, Marcos se virou. Seus olhos, antes fixos no mar, agora estavam em Sofia, avaliando-a da cabeça aos pés.
"E qual é a sua sugestão para o 'fogo', Sofia?", sua voz era grave, o gelo em seu copo tilintou quando ele se inclinou para frente.
Sofia caminhou até sua bolsa de praia, uma peça de grife jogada perto da porta, e tirou de lá uma pequena caixa preta, elegante e minimalista. Ela a segurou no ar.
"Eu trouxe um brinquedinho", anunciou ela, com um brilho malicioso nos olhos que prometia que a noite estava apenas começando. "Algo para bons amigos."
SE ESTÁ GOSTANDO, VOTE PARA AJUDAR... SE TIVER ALGUMA IDÉIA DE PRA ONDE VAI A HISTÓRIA, COMENTA AI...