Lucas estava ali. Seu toque não era carinhoso, mas sim um âncora fria, uma mão firme que a impedia de avançar ou recuar. Seus olhos cinzentos estavam fixos em Daniel, e havia algo na sua postura — rígida, mas calma — que sugeria um perigo muito maior do que a atração.
— O uísque da casa está por nossa conta, Daniel — Lucas disse, sua voz baixa e uniforme, cobrindo o murmúrio habitual do bar. Seus olhos, no entanto, não estavam no copo. Estavam fixos no alfinete de lapela prateado que Daniel acabara de deslizar sobre a mesa, uma peça minúscula, mas que parecia um raio na penumbra.
Clara sentiu um arrepio. Ela reconhecia o alfinete.
— Mas a conversa... não está — Lucas continuou, sem mover a boca, o olhar de aço. — Você termina sua bebida e vai. Agora.
Daniel não se intimidou. Ele pegou o alfinete, girando-o lentamente entre o polegar e o indicador, sem quebrar o contato visual com Lucas.
— Você está muito protetor para um dono de bar, Lucas — Daniel zombou, seu sorriso sumindo, revelando uma frieza cortante. — Ela tem idade para escolher as próprias companhias. Ou ela é... sua propriedade?
A palavra atingiu Clara como um tapa. Ela tentou se afastar do toque de Lucas, mas ele apenas a apertou levemente, um aviso claro: Fique quieta.
— Todo mundo neste lugar é minha responsabilidade — retrucou Lucas, o tom ainda perigosamente calmo. — E minha responsabilidade é manter a ordem. E você, Daniel, é uma desordem ambulante.
Daniel sorriu de novo, um sorriso que não alcançava seus olhos. Ele pegou o copo de uísque e bebeu o líquido de uma vez só.
— Entendido — ele disse, batendo o copo vazio na mesa com um clac decisivo. Ele deslizou da banqueta, seu casaco preto fechado novamente. Antes de ir, ele se inclinou na direção de Clara.
— Você pode limpar esta mesa, Clara — ele sussurrou, a voz voltando àquele tom rouco e íntimo. Ele estava falando sobre a mesa, mas ambos sabiam que era um código. — Limpe bem, mas não se livre de tudo.
Ele saiu do bar sem olhar para trás, desaparecendo na escuridão da rua. Lucas soltou Clara, mas seus olhos permaneceram fixos na porta por um longo minuto.
Clara, sentindo a adrenalina pulsando, pegou o pano para limpar a mesa. Ela sentiu algo pequeno debaixo do cinzeiro. Um papel dobrado, não maior que um selo postal. O bilhete de Daniel.
Lucas se virou, os olhos finalmente encontrando os de Clara, a tensão entre eles palpável.
— O que ele disse? — Lucas perguntou, sua voz agora um verdadeiro sussurro, mas com a autoridade de uma ordem. — O que ele deixou?
Clara apertou o papel na palma da mão. Lucas estava a metros de distância, mas era como se ele pudesse ler sua mente. Ela tinha duas escolhas: entregar o bilhete e a lealdade a Lucas, ou esconder o bilhete e o segredo, iniciando um jogo perigoso por conta própria.
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