Jéssica e Maria tentaram ignorar o instinto. Elas beberam o vinho branco, falaram sobre moda e faculdade, mas a conversa delas soava vazia. Os rostos radiantes e a aura de mistério das mães haviam injetado uma inquietude palpável no ambiente.
"Eu preciso de ar," Maria finalmente confessou, levantando-se. "Este bangalô é maravilhoso, mas é sufocante."
Jéssica concordou, seu coração batendo um pouco mais rápido. "Vamos apenas dar uma volta inocente. Ver se encontramos a área da piscina infinita que a recepcionista mencionou."
Elas vestiram roupas leves — shorts e camisetas soltas — e saíram para a noite tropical. Os caminhos do resort eram iluminados por luzes suaves que criavam longas sombras e realçavam a privacidade dos vários bangalôs espalhados pela propriedade.
Seguiram em direção à costa, onde o som das ondas era mais alto. A piscina infinita estava deserta, mas a iluminação subaquática turquesa dava um charme de cinema, refletindo nas suítes de luxo que ficavam mais isoladas, em frente ao mar. Essas suítes, chamadas de "Refúgios do Mar", tinham pequenas piscinas privativas cercadas por muros altos e portões de madeira maciça.
Enquanto passavam por um dos muros de pedra, Maria parou de repente, puxando Jéssica pelo braço.
"Você ouviu isso?" ela sussurrou, seu rosto tenso.
Jéssica franziu a testa. Era um som abafado, mas inconfundível. Uma mistura de risos baixos, música lounge vinda de algum bar distante, e, mais perto, uma respiração pesada. A curiosidade, agora, era mais forte do que a discrição.
A suíte em questão tinha um portão de madeira que não estava completamente fechado. Havia uma fresta, estreita e tentadora, entre a dobradiça e a coluna de pedra. Maria e Jéssica se entreolharam; o silêncio entre elas era a permissão tácita.
Maria foi a primeira, cautelosa, espiando pelo vão. Ela prendeu a respiração. Jéssica, impaciente e sentindo o calor subir ao pescoço, encostou-se à amiga para tentar ver algo.
O que viram não era apenas as mães em um jantar romântico.
No pátio privativo, sob a luz dourada do deck:
Daise estava deitada em uma espreguiçadeira estofada, sorrindo de um jeito que Jéssica nunca tinha visto. Ela não estava sozinha. Um homem alto, de pele morena e forte, a beijava com uma intensidade que parecia devorá-la. A roupa de Daise estava desalinhada, revelando a lingerie preta que ela havia vestido.
Então, elas desviaram o olhar para a piscina privativa. Dentro da água:
Julia ria, os cabelos escuros encharcados. Ela estava aninhada a outro homem, igualmente desconhecido, que a segurava firmemente enquanto eles trocavam carícias abertamente apaixonadas. Os corpos estavam colados, e a água mal conseguia disfarçar a intimidade de seus movimentos.
As jovens recuaram do portão como se tivessem levado um choque elétrico. O rosto de Maria estava pálido; o de Jéssica, estranhamente ruborizado. O som dos gemidos de prazer e dos respirações ofegantes que escapavam do refúgio as perseguiu enquanto elas se afastavam às pressas.
Elas voltaram ao bangalô principal, em um silêncio atordoado.
No conforto de seu quarto, a porta trancada, o silêncio era interrompido apenas pela respiração agitada de ambas. A cena estava gravada em suas mentes: suas mães, em êxtase, com estranhos, em um prazer assumido e vibrante.
Jéssica sentou-se na cama, as mãos tremendo levemente. "E-eu... Eu não sabia que elas... que elas faziam isso," ela gaguejou, mais para si mesma do que para a prima.
Maria se virou, a expressão mais séria e excitada do que chocada. "Eu sabia que elas tinham uma vida. Mas não uma vida assim." Ela caminhou até a janela, olhando para a noite. "Elas disseram para não esperarmos. Elas disseram que a noite era jovem e que a regra era liberdade." Ela se virou para Jéssica, a voz agora firme e cheia de uma nova determinação.
"Nós temos muitas dúvidas para tirar amanhã."