— Chega de perguntas, Rafaela. O que está feito, está feito — disse Joana, com uma voz que combinava carinho e autoridade, puxando a filha pelo braço. — Agora, vamos ao que interessa. Você não vai recebê-lo de vestido molhado.
As duas foram apressadamente para o quarto. Silas ficou para trás, imóvel, observando a porta que se fechava sobre a nova e estranha intimidade entre mãe e filha. Lá dentro, a atmosfera era de urgência e excitação.
— Algo que seja seu, mas que pareça novo — Joana vasculhava o guarda-roupa, com a respiração acelerada. — Precisa ser o que você quer mostrar.
Rafaela sentiu as mãos tremerem enquanto segurava um vestido simples de seda, que nunca havia tido coragem de usar. Joana pegou o tecido, estudando-o.
— Perfeito. É você.
Em poucos minutos, Joana ajudou a filha a se vestir. O aroma de um perfume floral suave preencheu o ar. O silêncio que se instalara era mais intenso do que qualquer conversa; era a cumplicidade de um segredo compartilhado, um rito de iniciação conduzido pela própria mãe.
Ao final, Joana parou na frente de Rafaela, ajeitando uma mecha de cabelo úmido. Seus olhos se encontraram no espelho.
— Escute bem — sussurrou Joana, com a voz grave. — Você é quem decide. Se, em qualquer momento, a mínima coisa te fizer sentir desconfortável, pare. Diga que não. A suíte é grande. O Silas e eu estaremos na Suite ao Lado... — Ela respirou fundo. — A porta não estará trancada.
O celular de Rafaela vibrou na cômoda, um pequeno sobressalto na quietude. Era uma mensagem: Estou chegando.
Rafaela e Joana trocaram um último olhar, carregado de expectativa e temor. O ponto de não-retorno havia sido atingido.
Joana e Silas, vão para a suite lateral para dar liberdade pra filha aproveitar.