Quando Daise e Julia finalmente surgiram, por volta das dez, pareciam estranhamente radiantes. Daise usava um vestido de seda amarelo esvoaçante e tinha o cabelo molhado; Julia, uma saia pareô e uma camisa branca, com um sorriso de satisfação contida. Ambas estavam dispostas a retomar a normalidade, mas um brilho novo e malicioso dançava em seus olhos.
As quatro sentaram-se na mesa da varanda, onde um mordomo havia servido um café da manhã digno de realeza: frutas exóticas, waffles e, claro, mais champanhe.
"Bom dia, meninas! Dormiram bem?" Daise perguntou, servindo o suco de manga com um entusiasmo exagerado.
Jéssica engoliu em seco. "Sim, Mãe. A suíte é incrível. E vocês? Aproveitaram o 'jantar'?"
Julia riu levemente, sem desviar o olhar do mar. "Foi... revigorante. Exatamente o que precisávamos."
Maria, no entanto, não estava disposta a deixar a superficialidade vencer. Ela pegou uma fatia de mamão, o olhar fixo no de Daise.
"Passamos pela costa ontem à noite. Vimos os 'Refúgios do Mar'. Eles parecem ser muito privativos. Com piscinas e muros altos. É como se tivessem sido feitos para a regra de vocês: 'o que acontece no Lottus, fica no Lottus'."
Daise piscou, mas se recuperou rapidamente, forçando um sorriso descontraído. "Eles são a cereja do bolo do resort, querida. Exclusividade é o que se paga."
"E o que se pratica," Jéssica murmurou baixinho, pegando um morango, mas Maria ouviu.
Julia olhou diretamente para Maria, seu sorriso se alargando em algo mais desafiador. "Exatamente. O Lottus vende a promessa de podermos ser a melhor versão de nós mesmas, sem as amarras da vida real." Ela deu um gole no champanhe, seu tom se tornando suavemente didático. "É uma lição de liberdade que todas vocês devem aprender, meninas. A felicidade individual deve ser a prioridade. E às vezes, ela precisa de portões de madeira fechados."
Houve um silêncio carregado. As filhas sabiam que o recado era uma reafirmação de que elas tinham visto o que não deviam, mas também uma permissão estranha para que elas explorassem o mesmo caminho.
"Entendi," Maria disse lentamente, seus olhos faiscando. "Então, se a felicidade individual é a regra, o que fazemos hoje é comemorar essa liberdade?"
Daise sorriu, satisfeita com a aparente capitulação. "Exatamente! Hoje é o dia da piscina principal, música alta, talvez uns coquetéis mais fortes e... bom, a noite é de vocês."
Maria e Jéssica se entreolharam. O desafio estava lançado.