Ele a encontrou coberta de tinta, furiosa com um pedaço de mármore. Sofia era uma beleza nervosa, a antítese da elegância polida de Isabella.
Silas não se apresentou como um investidor. Ele se apresentou como um admirador que viu o inferno na arte dela.
— Suas esculturas gritam, Sofia — disse Silas, com a voz baixa. — Mas elas não gritam o suficiente para seu pai escutar.
A palavra "pai" a fez parar. Silas não a elogiou; ele validou a sua dor. Ele falou sobre a pressão de ter um nome, sobre a hipocrisia da cidade. Ele a convenceu de que Vane a estava sufocando e que a única forma de respirar era quebrar a corrente.
A sedução foi psicológica. Silas a levou a entender que o ato de rebeldia não era a arte, mas o prazer proibido.
O beijo deles foi desesperado. Sofia não queria amor; ela queria destruição.
Silas a levou para o centro do ateliê, sobre uma lona que protegia uma obra valiosa de seu pai (uma pintura que Vane comprara para o seu escritório). Aquele era o local da revolta.
O ato sexual com Sofia era puramente para Silas o sacrifício. Não era a entrega intensa de Elara, nem o alívio de Isabella. Era a profanação do santuário de Vane.
Silas a fez sentir que, naquele ato, ela estava, finalmente, se vingando do pai. Ele a dominou, mas a dominação era a liberdade dela. Os gemidos de Sofia não eram de prazer, eram de desafio, enquanto ela agarrava a camisa dele, o corpo sujo de tinta. Silas sentia apenas a satisfação fria de estar roubando a última coisa que Vane pensava controlar: a pureza de seu legado.
O plano de Silas foi executado com precisão cirúrgica. Ele havia plantado no assistente de Arthur Vane (durante o escândalo de Isabella) a informação de que Sofia estava "destruindo" uma obra de arte valiosa no ateliê. Vane, que prezava a arte tanto quanto sua fachada, iria intervir imediatamente.
Minutos depois, no auge da intimidade e da rebeldia de Sofia, o silêncio do ateliê foi quebrado pela porta sendo arrombada.
Arthur Vane estava parado na entrada. Seus olhos, que podiam mover mercados e esmagar rivais, estavam arregalados de horror. Ele viu a filha, seminua, sobre o que ele considerava valioso, e viu Silas, o filho do antigo rival, o homem que ele havia humilhado por último.
A fúria de Vane era um animal rugindo.
— Seu... Desgraçado! — Vane avançou, mas parou ao ver o sorriso frio de Silas.
Silas empurrou Sofia para o lado e se levantou, cobrindo-se com calma. O suor no corpo não era de paixão, era de triunfo.
— Ah, Arthur. Que pena que você só aparece quando algo de valor está em risco.
— Ela é minha filha! — gritou Vane, a voz falhando.
— E você a sufocou. Você a transformou na arma perfeita — respondeu Silas, parando na frente de Vane, sem medo. — Você levou o meu amor, a minha Elara. E em troca, eu levei a sua esposa, o seu relógio e, agora, a sua preciosa Sofia.
Silas aproximou-se, o olhar glacial.
— E adivinha? A sua esposa, Isabella, me deu a chave. Ela me implorou para que eu fizesse isso.
Vane cambaleou, o rosto cinza. A humilhação era completa. Ele havia perdido o controle total de sua família para o homem que ele pensava ter esmagado.
Silas se virou para a porta, deixando Vane e Sofia no caos da traição. O fogo da vingança tinha queimado tudo.
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