A mulher de verde-esmeralda foi a primeira a quebrar. Mas não foi uma derrota; foi um convite.
Com um último olhar lento e desafiador para o homem no arco de pedra, ela virou as costas para ele. Seu movimento foi fluido, o veludo de seu vestido girando suavemente. Ela não olhou para trás para ver se ele a seguia. Ela simplesmente partiu do princípio que ele o faria.
Ela ignorou os olhares que a seguiam, atravessou o tapete grosso e empurrou as pesadas portas de vidro que levavam à varanda.
O ar frio da noite foi um choque bem-vindo. O calor e o barulho do salão foram cortados instantaneamente, substituídos pelo som suave de uma fonte distante e o sussurro do vento nas árvores. A lua estava quase cheia, banhando o jardim formal em uma luz pálida e fantasmagórica. Estátuas de mármore branco pareciam observá-la de seus pedestais.
Ela desceu os degraus de pedra, o frio do mármore subindo por seus saltos. O cheiro era de terra úmida, rosas e algo mais, algo selvagem.
Ela não foi longe. Parou ao lado de uma fonte silenciosa, onde a água escorria de um cupido de pedra. A luz da lua a atingia em cheio, fazendo sua máscara dourada brilhar, mas ela se moveu um passo para o lado, para a sombra profunda de um grande salgueiro.
Ela ficou parada, de costas para os degraus, ouvindo. O ar frio arrepiou a pele nua de seus braços e ombros. Ela sentiu o tecido de seu vestido ficar gelado contra suas pernas.
Ela contou cinco batidas de seu próprio coração.
Então, ela ouviu. O som quase imperceptível de um sapato caro pisando no cascalho fino do caminho. Ele não estava com pressa.
Ela não se virou. Continuou olhando para o cupido de pedra, como se estivesse perdida em pensamentos.
Os passos pararam. Ela não podia mais ouvi-lo, mas podia senti-lo. O ar atrás dela ficou mais pesado, mais denso. O silêncio dele era mais alto que a música lá dentro.
Ele estava perto. Muito perto.
"Você não deveria andar sozinha no escuro", a voz dele soou logo atrás dela. Era baixa, profunda e calma. Um leve rosnado que vibrou diretamente em sua espinha.
A mulher de verde-esmeralda deu um sorriso lento, que ele não podia ver.
"Eu não estava sozinha", ela respondeu, ainda sem se virar, sua própria voz um sussurro sedoso. "Eu estava esperando."
Houve um segundo de silêncio. Então, ele deu o último passo.
Ele parou ao lado dela, não na frente. Ele não a encurralou; ele se posicionou como um igual, ombro a ombro, ambos olhando para a escuridão do jardim. Mas sua proximidade era uma prisão por si só. Ele era mais alto do que ela imaginava, uma parede sólida de veludo preto. O cheiro de uísque e algo caro e masculino – couro, talvez – a envolveu.
Ele lentamente virou a cabeça para encará-la. Ela podia sentir o peso daquela máscara preta fosca virada em sua direção, mesmo sem poder ver seus olhos.
"Esperando por mim?", ele perguntou. Não era uma pergunta vaidosa; era uma constatação.
"Esperando por algo... interessante", ela corrigiu, finalmente virando o rosto para encontrar o dele.
Eles estavam a centímetros de distância. O bastante para ela ver a curva determinada de seus lábios. O bastante para ele respirar o perfume dela.
A mão dele subiu, devagar. Ele não tocou sua pele. Em vez disso, seu dedo, envolto em uma luva de couro fina e preta, traçou a borda de sua máscara dourada, da têmpora até a maçã do rosto. O toque era leve como uma pena, mas parecia queimar sua pele por baixo.
"Eu me pergunto", ele sussurrou, o dedo parando logo abaixo do olho dela, "o que se esconde aí."
Ela não recuou. Ela inclinou o rosto levemente contra o toque dele.
"O mesmo que se esconde aí", ela respondeu, seus olhos fixos na máscara preta e impessoal dele. "Um lobo. Ou apenas um homem."
Ele soltou uma risada baixa, um som que não tinha nada de engraçado. "Às vezes, não há diferença."
Opa tá quase..