Artur não estava mais furioso; estava frio. Ele se vestiu de forma impecável, transformando-se na máquina de guerra que construiu seu império. Ele não dirigiu uma palavra a Helena.
Artur: (Para o segurança, no telefone) A senhorita Machado fica aqui. Não sairá daqui até eu dizer. E traga o Vargas para o meu escritório às nove. Sozinho.
Helena sentiu o pânico. Ela era uma prisioneira. Ela tocou o diamante no seu pescoço, que parecia uma coleira.
Ela tentou alcançá-lo antes que ele saísse.
Helena: Artur, por favor, o Bruno não é um ladrão. Ele fez isso por idealismo. Eu posso explicar o que ele queria criar...
Artur: (Ele a cortou com um olhar que a calou) O idealismo dele será discutido no tribunal, Helena. Agora, fique aqui e me prove que não é uma cúmplice.
Ele saiu, fechando a porta com um estrondo silencioso, mas definitivo.
A Destruição de Vargas
Às 9:00, Vargas entrou na sala executiva de Artur, radiante. Ele vestia um terno novo e carregava uma pasta vazia, esperando o cheque.
Vargas: — Bom dia, Sr. Sá. Eu espero que o e-mail não tenha estragado muito o seu sono. Mas, como eu disse, eu peguei o Bruno em flagrante. A empresa está salva.
Artur estava atrás de sua mesa, olhando para o horizonte. Ele nem sequer convidou Vargas a sentar.
Artur: (Sua voz era baixa e letal) Você pensou que me ajudou, Vargas?
Vargas: Claro que sim! Eu descobri o buraco.
Artur: Você descobriu a mancha na reputação da minha família. Você pegou a roupa suja do meu filho e a espalhou para toda a diretoria. Para que, Vargas? Para ser aplaudido?
O sorriso de Vargas vacilou.
Vargas: Mas... é um crime.
Artur: O crime é interno, Vargas. Negócios são internos. Você é pago para gerenciar os problemas internos, não para expô-los ao mercado. Você feriu a credibilidade da Sá Arquitetura.
Artur apertou um botão no intercomunicador.
Artur: Diga à segurança para escoltar o Sr. Vargas para fora do prédio. E informe ao RH que ele está sendo sumariamente demitido por quebra de sigilo e tentativa de extorsão.
Vargas ficou pálido.
Vargas: Extorsão? Mas Sr. Sá, eu só queria...
Artur: (Ele finalmente olhou para Vargas, e o olhar era pura aniquilação) Você queria o meu lugar, Vargas. Mas você é um fofoqueiro, não um executor. Na minha empresa, a lealdade é tudo. E você traiu a confiança da família, expondo o meu filho.
Os seguranças entraram e Vargas, humilhado, foi retirado da sala, gritando.
Artur sentou-se, tirou os óculos e esfregou a testa. O inimigo externo havia sido eliminado com uma precisão cirúrgica. Agora, restava a verdadeira guerra: a familiar.
A Convocação
Artur ligou para o motorista particular.
Artur: Vá buscar o Bruno. Diga a ele que ele tem cinco minutos para entrar nesta sala, e que não pense em fugir do que ele fez.
Ele desligou o telefone e olhou para a porta de seu escritório. Ele não estava mais pensando em negócios. Estava pensando no filho que ele criou e na mulher que ele comprou.
Ele estava pronto para a destruição.