Uma escolha: Pai oi Filho??? (09)

Bruno chegou ao escritório de seu pai às 10h da manhã. Ele não estava acompanhado de seguranças, mas do motorista da família, um sinal de que Artur ainda o via como filho, e não como criminoso.

Bruno entrou na sala. Artur estava sentado atrás da mesa, a sala estava imersa num silêncio profundo. O terno de Artur parecia feito de aço.

Bruno: (Sua voz estava rouca, mas firme) Pai. Eu sei o que você recebeu. Eu posso explicar o dinheiro. Não foi roubo.

Artur: (Artur levantou a mão, um gesto de domínio absoluto) Não me chame de Pai. Chame-me de Senhor. E não me insulte com a palavra "idealismo".

Ele empurrou uma pasta fina sobre a mesa.

Artur: Eu recebi o e-mail de Vargas. Eu destruí Vargas antes que ele pudesse se vangloriar. E eu passei a noite inteira cancelando reuniões e fazendo ligações para impedir que isso saísse da diretoria. Você envergonhou o meu nome, Bruno. Você quase destruiu o legado que eu construí.

Bruno: Eu tentei construir algo com alma!

Artur: Você tentou construir uma utopia com o dinheiro que não era seu! Você usou a fraude, Bruno. Exatamente o método que você diz odiar.

O silêncio voltou. Artur deu o golpe final na armadura de Bruno.

Artur: Você está fora da Sá Arquitetura.

Bruno empalideceu. A punição era a demissão, o fim de sua identidade.

Bruno: O quê? Você vai me demitir?

Artur: (Sua voz era implacável) Não. Eu vou exilá-lo. A polícia e os tribunais ficariam caros, e o nome da nossa família é mais valioso que sua liberdade. Mas você não vai mais respirar o mesmo ar que eu nesta empresa.

Artur abriu outra pasta, tirando um conjunto de plantas e documentos rústicos.

Artur: Você conhece a Vinícola São Lourenço? É uma subsidiária nossa, no interior de São Paulo. Está falindo. É velha, está mal administrada, e é um buraco de dinheiro. A partir de segunda-feira, ela é sua.

Bruno: (Ele estava confuso) Você está me dando uma vinícola?

Artur: Eu estou te dando uma lição, Bruno. Você vai passar os próximos cinco anos lá. Vai viver na terra, vai cuidar de cada detalhe, e vai me fazer dinheiro. Você não terá acesso aos fundos da Sá Arquitetura, exceto por um pequeno adiantamento para cobrir os salários. Você vai aprender o valor do trabalho duro e da eficiência real. E se você falhar, você estará sozinho. Totalmente sozinho.

Era uma punição cruel, mas com uma saída. Bruno estava sendo castigado e testado.

Artur se levantou e caminhou até a janela, de costas para o filho.

Artur: Agora, o último ponto. A Helena.

Bruno levantou o olhar, a mágoa voltando.

Bruno: Não envolva ela nisso.

Artur: Eu a envolvo em tudo, Bruno. Você a perdeu na noite em que mostrou que era um menino irresponsável. Ela escolheu a estabilidade, o poder, a maturidade. Ela escolheu a Sá Arquitetura. E você provou que não valia o risco. Você está proibido de entrar em contato com ela.

Artur se virou. Seu rosto estava frio.

Artur: Vá embora. Arrumar suas coisas. Você tem 24 horas para sair de São Paulo. E, pela primeira vez, faça algo de útil com sua vida.

Bruno permaneceu em silêncio por um longo momento. Ele olhou para as costas largas do pai e entendeu que aquele homem nunca seria um pai amoroso. Ele era um imperador. E ele tinha sido exilado.

Ele se levantou, pegou as plantas da vinícola e saiu, deixando a sala de seu pai para trás para sempre.